As artes manuais são a expressão sutil daquilo que vivenciamos em nossas tradições familiares e sociais, também de nossa própria identidade. São as memórias mais íntimas, o registro de biografias anônimas, porém ricas em significado.
O ato de adornar a casa, muito mais do que um cuidado estético, é também a construção de um ambiente propício para a manifestação “do si mesmo”.
O aprendizado das Artes Manuais, que na maioria das vezes acontece no interior da casa, no fluxo cotidiano, é despretensioso, porém guarda um tesouro: memórias, contadas através dos pontos, uma forma de expressão e também o registro de parte de nossas vivências. Delicadezas, presas em barrados de cortinas e toalhas que enfeitam pequenas mesas que sustentam porta-retratos com momentos significativos de cada biografia, para olhos e corações atentos, podem ser verdadeiros portais para o universo imaginário presente em cada história vivida e contada.
Essa atmosfera construída a partir do referencial biográfico, do repertório de memórias afetivas e vivências de cada ser, se bem utilizadas, podem construir ambientes aconchegantes, calorosos e muito sanadores para todos os que estiverem atentos e dispostos a vivenciar o tempo em sua plenitude. Um bordado, confeccionado ponto a ponto, segue em compasso com o ritmo da própria vida.
Uma bela peça bordada pode proporcionar à pessoa que se proponha ao exercício de uma vida criativa e reflexiva, a manifestação da beleza e delicadeza que temos a oferecer ao mundo.
Assim conversamos também através das mãos…
Esse diálogo, que inicialmente é interno, exige de quem borda a abertura e intenção para “fazer o tempo”. Este elemento, atualmente tão escasso, ainda tem sido subtraído pelo fluxo da vida cotidiana e pela captura das horas quase sempre vazias de significado, em infinitas navegações em redes sociais.
Àquele que se propõe a “fazer o tempo” do bordado, também pode-se conceder a graça da escrita. Se nos desafiarmos a “colher” palavras que brotam desse espaço de auto cultivo, com elas podemos criar nossos registros.
Os escritores são aqueles que escrevem histórias. Contadores de histórias são os que as contam. E os artistas das mãos, o que são? São aqueles seres que conseguem materializar suas histórias, mas que o fazem de forma a transformar o que existe de mais sutil, aquilo que vivenciam em sua alma, em matéria: a criatividade que se manifesta como Arte Manual e é elemento de expressão de nossa identidade, como memórias que são contadas através das mãos.
Esperamos que a partir desse encontro, as pessoas participantes possam construir repertório próprio de técnica de bordado e construção de escrita reflexiva, seja para sua própria vida, rotina escolar ou ambientes de educação não formal, de maneira que cada uma possa trilhar o próprio caminho, afinando seu olhar e sensibilidade para a relevância dessa arte na contemporaneidade.
Criaremos juntas espaço e ambiente para que todas possam entrar em contato com o universo particular da arte do bordado em uma perspectiva de auto-observação e encontro com suas próprias habilidades e necessidades. Além disso, desejamos que possam encontrar nesta vivência momentos de contemplação, transformação e conexão com o tempo do fazer manual.
Integração e mobilização através da música, trabalhar as mãos com a técnica e mobilizar uma escrita reflexiva com a construção de um texto sobre a experiência.
Através da vivência, os participantes terão a oportunidade de criar espaço interno para o auto cultivo, reflexões e percepções sutis sobre o tempo e sobre si mesmos.
Materiais: Cada participante deverá trazer caderno e caneta para registro do processo e escrita. O restante dos materiais será fornecido pelas docentes.
Duração: 1 dia.
Carga horária total: 6 horas.
Data: 02 de dezembro de 2023.
08:30 às 10:00 Música e mobilização
10:30 às 12:00 Apresentação de Técnica
14:00 às 15:30 Prática
16:00 às 17:30 Texto e encerramento
DUCHASTEL,ALEXANDRA. O Caminho do imaginário. O processo de arte- terapia. São Paulo: Paulus,2010
JUNG, C.G. O homem e seus símbolos. (2ªed.) Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964/2008. JUNG, C. G. O espírito na arte e na ciência. (8ª ed.) Petrópolis: Vozes, 2013
JUNG, C. G. A natureza da Psique. (5ªed.) Petrópolis: Vozes, 2000
JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo (11ª ed.)Petrópolis: Vozes, 2014
STEIN, MURRAY. Jung o mapa da alma: uma introdução (5ª ed.) São Paulo, 2006
MELLO, ELIS De ponto em ponto, um conto – o saber que das das artes manuais e das histórias, São Paulo, 2017
JAKOWATZ, F. VANESSA Feltragem Molhada como arte manual para a educação infantil, a narrativa da experiência em sala de aula. São Paulo, 2017
Elis Mello
Educadora Waldorf, pós-graduada em Arteterapia de abordagem Junguiana e em Artes Manuais para a Educação. Foi professora da linha de pesquisa “O currículo das artes manuais na educação Steineriana”, na Pós-graduação em Artes Manuais para a Educação FACON – polo São Paulo/SP. (Casa Tombada) Autora do livro “De ponto em ponto, um conto – o saber que das artes manuais e das histórias.” Contadora de histórias com aprofundamento na linguagem simbólica dos contos de fadas, fábulas e lendas e sua aplicação prática nos trabalhos individuais ou em grupos que buscam o autodesenvolvimento ou a aplicação deste recurso em sua prática profissional. Atua desde 2009 com projetos de apoio à aprendizagem e como facilitadora de grupo de mulheres em encontros para orientação pessoal e diálogo reflexivo sobre seu papel na sociedade e nas relações familiares, utilizando como recursos norteadores deste trabalho a contação de histórias e as Artes Manuais.
Vanessa F Jakowatz
Educadora Waldorf, pós-graduada em Artes Manuais para a Educação, pela FACON – polo São Paulo/SP. (Casa Tombada) Autora do livro “Feltragem Molhada como arte manual para a educação infantil, a narrativa da experiência em sala de aula”. Docente nos cursos livres de formação de professores Waldorf de Jaguariúna – SP e Nova Friburgo – RJ.
R$300,00 via cartão de crédito ou boleto bancário.