“Enquanto me penso brasileiro e você pode ter a certeza que nunca me penso paulista, graças a Deus tenho bastante largueza dentro de mim pra toda esta costa e sertão da gente, quando me penso brasileiro e trabalho e amo que nem brasileiro…”
Com as palavras de Mario de Andrade à Câmara Cascudo em uma de suas longas e calorosas cartas sobre o Brasil, o grupo de estudos “Brasilidades” propõe uma reflexão profunda sobre o que é a formação de identidade, a atribuição de sentido e significado para o povo brasileiro, bem como a importância da cultura popular nesse processo e no desenvolvimento de cada indivíduo.
Através de estudos e vivências, abordaremos diferentes manifestações populares que acontecem por todo país, sempre carregando a pergunta de qual o papel do educador frente às grandes tradições populares, qual a importância de vivenciar a cultura popular na sala de aula e como fazê-la da melhor maneira, sob a luz da pedagogia antroposófica.
“Tem momentos que eu tenho fome, mas positivamente fome física, fome estomacal de Brasil agora. Até que enfim sinto que é dele que me alimento!”
Mario de Andrade
Mensais, online, quartas-feiras das 18h30 às 20h, por meio do Zoom.
Datas:
1o Semetre: 15/02, 22/03, 19/04, 24/05 e 21/06
2o semestre: 23/08, 20/09, 18/10 e 08/11
Os encontros de 2021 e 1o semestre de 2022 estão disponíveis no canal do Youtube.
Para participar, entre em contato com glauce@escolalivrearete.org.br.
Escreva seu nome completo e uma pequena apresentação.
O link para participar dos encontros será enviado por email.
Encontros gratuitos, via Zoom.
Ano de centenário da Pedagogia Waldorf no mundo, sendo 63 anos de pedagogia Waldorf no Brasil, é com alegria e responsabilidade que nós, professores Waldorf, nos perguntamos: Como fomos até agora? Como serão os próximos 100 anos?
Em busca de uma roupagem própria, para um país tropical, olhando para todos os desafios de um povo mestiço e emergente, a contemporaneidade exige dos professores Waldorf um olhar especial para seu povo, sua cultura, seu ambiente, suas origens e raízes. Sempre apoiados na antroposofia, esse grupo de estudos visa dedicar-se, exclusivamente com professores já vinculados a Pedagogia Waldorf, temas que dizem respeito a “Cultura Popular e Pedagogia Waldorf”.
Nossa sugestão é um estudo da seguinte apostila:
“A Vivência do decurso do ano em 4 Imaginações Cósmicas” – GA 229
Porém, sugestões de outros estudos serão muito bem vindos.
O Grupo de Estudos Brasilidades recebe de bom grado os convites que chegam para trocar um dedinho de prosa nas escolas que o convidam.
Esse ano as conversas tem rendido muito pelo Colégio Micael de São Paulo que nos convidou para 4 palestras sobre as principais festas do ciclo do ano. Já brincamos Bumba meu Boi abordando o calor das fogueiras de São João bem como falamos do equilíbrio e da coragem do encontro para viver a época de Micael na primavera.
Abaixo, um relato caloroso de uma de suas professoras:
“Queridas Glauce e Luciana,
Gostaria de agradecer, imensamente, pelo presente que nos ofertaram, ontem. Foi, realmente, maravilhoso e enriquecedor!!! A resposta dos pais à palestra que ministraram sobre Micael foi imediata, repercutindo forte em minha reunião de classe, de forma muito positiva e até, criativa. O refletir e repensar cada coisa que fazemos e, em especial no caso, as Festas do Ano, para que continuem sempre vivas em nossos pensamentos, sentimentos e ações, se espalhou na vontade de buscar novo entendimento e percepção acerca da essência, para que o atuar consciente se efetive. Muitas vezes caímos na repetição natural, mas não aprofundada, das tradições, sem buscar o verdadeiro significado que está por trás da razão de ser da celebração. Vivificar é preciso! Buscar no “velho”, o “novo”, no geral, o nosso particular, foi alegria expressa na vivacidade da conversa que se seguiu, com um impulso primaveril, que se instalou, cheio de ideias! Encontrar a “cura” de Rafael, na coragem de Micael e a doçura de um, na força férrea do outro… São Cosme e São Damião, os Ibejis africanos… nossas raízes, nossa terra, nossa gente! Divinos desafios, numa eterna busca de estar presente a cada instante, nessa nossa jornada terrestre. Gratidão!
Professora Marta Veiga, do Colégio Micael”
Cantos de Trabalho, de Glauce Kalisch
Cantos de Trabalho – Com Renata Mattar
“Lavar e varrer cantando e marcando o ritmo ao som dos utensílios domésticos é muitas vezes mais do que trabalho, é profissão de fé.” (Projeto Sonora Brasil, SESC)
O que veio primeiro na história do ser humano, a música ou o trabalho? Experimentando a relação que acontece entre os dois âmbitos, tivemos a oportunidade de trabalhar cantando e saber um pouco mais sobre algumas das diversas comunidades Brasil a fora onde os trabalhos manuais são conduzidos por riquíssimos cantos.
A musica que embala o trabalho, que marca seu ritmo, seu tempo, que é meio de expressão, de manifestação, de alívio para seus trabalhadores. Cantos de lavadeiras, destaladeiras de fumo, batedores de feijão, batas de milho, descasdeiras de mandioca, pescadores, e outros, foram entoados em nossos encontros que culminou em uma bela “paçocada” que fizemos. A pesquisadora e cantora Renata Mattar nos embalou com sua sanfona e depois de muita cantoria, abordamos o tema do ponto de vista pedagógico e sua aplicabilidade.
“Trabalho e música configuram-se como poderosos elementos de congraçamento, erigindo contextos sociais, reafirmando laços de amizade e de compartir e estreitando a cumplicidade entre os envolvidos.”
(Material produzido por Sesc – Sonora Brasil)
A Festa do Divino Espírito Santo – Com as Caixeiras da Família Menezes
Desde o Carnaval, passando pela Quaresma e a Páscoa, culminamos no nosso grande tema do ano que foi a Festa do Divino Espírito Santo. Com riquíssimas vivências e profundas reflexões, abordamos os mistérios que envolvem a festa de Pentecostes, a “Festa do Futuro” que celebra “o que está por vir”, o que traz essencialmente uma forte relação com a natureza da criança. Festa nacionalmente vivida, foi sob o viés maranhense que trilhamos o nosso caminho. Embalada pelos tambores, pelas “caixas do Divino”, conduzidas ritualisticamente, como manda a tradição secular, as Caixeiras da Família Menezes nos presentearam com sua presença e nos mostraram a seriedade e profundidade que essa festa traduz.
Brinquedos e brincadeiras do Brasil
“Um homem somente brinca quando é humano… e só se torna plenamente humano quando brinca.” (Friedrich Schiller)
Como brincam as crianças de nosso Brasil? Qual a relação entre o trabalho, o fazer do adulto e o brincar da criança?
Foi através dessas perguntam que aconteceram nossos encontros, permeados de rodas de brincadeiras e reflexões, culminamos em uma bela farinhada feita com o grupo todo.
Celebrando Micael e a Primavera, uma abordagem a partir da cultura popular brasileira
Tema de estudo: apostila “A vivência do decurso do ano em 4 imaginações cósmicas”
22/03, 24/04, 29/05, 18/09, 13/11.
Tema de estudo: apostila “A vivência do decurso do ano em 4 imaginações cósmicas”
12/02, 11/03, 19/08, 21/10, 18/11.
Tema de estudo: apostila “A vivência do decurso do ano em 4 imaginações cósmicas”
17/03, 14/04, 12/05, 9/06, 25/08, 29/09, 27/10 e 24/11.
Barbara Ganizev Jimenez
Formada em História pela PUC-SP, com bacharelado e licenciatura, e Pós-Graduada em Ensino Fundamental Waldorf na Faculdade Rudolf Steiner. Atualmente atua como professora de História no Ensino Médio da Escola Waldorf Rudolf Steiner; educadora-formadora em contextos de educação formal e arte-educação; ministra o curso “O discurso enquanto aliado para artistas visuais sobre processos autorais e comunicação” e é responsável pela assessoria pedagógica do Corpo Brinquedo, projeto de educação, saúde e arte. Entre 2012 e 2022, trabalhou no Museu de Arte Moderna de São Paulo onde publicou artigos sobre educação, arte e cultura e foi responsável, entre muitos projetos, pelo Domingo MAM, programa premiado que celebra a cultura popular brasileira, a cultura de rua, os direitos humanos e a diversidade. Mantém pesquisas em educação, linguagem e antropologia.
Glauce Kalisch
Pedagoga pelo Centro de Formação de Professores Waldorf de São Paulo. Atuou por 9 anos na Educação Infantil da Escola Waldorf Rudolf Steiner/SP. Professora da Educação Infantil da Escola Livre Areté/SP. Vem desenvolvendo encontros, palestras e grupos de estudos junto a Faculdade Rudolf Steiner voltados para a educação infantil e na linha de pesquisa da Brasilidade. Engajada com o movimento antroposófico no Brasil, é membro da Seção Pedagógica, colabora com a Federação de Escolas Waldorf do Brasil atuando em diversas frentes de trabalho.
Luciana Sapia
Mulher, branca, mãe, Omo Yemoja, educadora na educação infantil Waldorf há 18 anos, mãe criadeira do quintal CASERÊ, coordenadora do grupo de estudos brasilidades, pela Faculdade Rudolf Steiner e pesquisadora das comunidades tradicionais brasileiras. Formação em ciências sociais e pedagogia Waldorf.